Da redação do Sports Manaus, com informações – Lance! – Guilherme Lesnok – São Paulo (SP) – Dia 22/06/2025 – 19:07
Equipes brasileiras estão próximas de avançar na competição
Foto: Cesar Greco/Marcelo Gonçalves/Vitor Silva/Gilvan de Souza
O futebol brasileiro vem dando uma resposta ao planeta no novo Mundial de Clubes da Fifa. Em um torneio com 32 equipes e dominado historicamente pelos europeus (na competição tradicional), os sul-americanos surpreendem, quebram expectativas e atraem olhares da imprensa internacional.
Os maiores campeões da antiga versão do Mundial de Clubes, disputada entre os campeões continentais, são os europeus. O Real Madrid lidera de forma isolada, com nove títulos, seguido por Milan e Bayern de Munique, ambos com quatro conquistas. O Brasil aparece em seguida, com três títulos do São Paulo, mas divide o pódio com Barcelona, Boca Juniors, Inter de Milão e Peñarol, que também somam três troféus cada.
Nesse contexto, o Lance! conversou com jornalistas de várias partes do mundo para saber a visão de cada um sobre as equipes brasileiras no início do Mundial de Clubes da Fifa.
Fabiana Della Valle – Gazzetta dello Sport (Itália)
Minha avaliação é muito positiva. Assisti no estádio a Flamengo x Chelsea e me surpreendeu muito a condição física da equipe, além da força mental, que permitiu virar a partida. Acredito que os brasileiros estão indo muito bem, especialmente Flamengo e Botafogo, e temos boas chances de avançar. O futebol brasileiro, neste momento, não está tão distante do europeu e contratou jogadores importantes, como Jorginho, Alex Sandro e Danilo, que trazem uma mentalidade mais europeia e podem ajudar no desenvolvimento dos mais jovens.
Tomás Moreira – A Bola (Portugal)
Na minha opinião, os times brasileiros têm feito um Mundial de Clubes extraordinário, superando minhas expectativas antes da competição. Tem surpreendido muita gente na Europa a forma como têm jogado de igual para igual contra as grandes equipes europeias, e a vitória do Botafogo sobre o PSG mostrou exatamente isso: que o nível do futebol brasileiro está muito alto. Neste momento, acredito que todos os times brasileiros estão liderando seus respectivos grupos.
Santiago Fernández – Olé (Argentina)
O Mundial de Clubes está sendo atraente, disruptivo e “polêmico”, abrindo as portas para o debate Conmebol vs. UEFA. Esse confronto ficou decidido, em grande parte, pela supremacia dos times brasileiros. O desempenho de Palmeiras, Botafogo, Flamengo e Fluminense até agora beira a perfeição. Exceto pelo empate do Flu contra o Borussia Dortmund e o empate do Verdão com o Porto, os demais jogos terminaram com vitórias brasileiras. Todos líderes de seus grupos ao final da segunda rodada, têm grandes aspirações de avançar às oitavas de final e mostrar força nas sempre difíceis fases de mata-mata.
O Palmeiras enfrentou um dos 0 a 0 mais interessantes dos últimos tempos. O adversário? Porto, que vive uma temporada irregular na Primeira Liga, mas, no papel, é um dos candidatos a ganhar o grupo. O Fogão, atual campeão da América, foi um dos resultados mais marcantes, vencendo no duelo da antiga Intercontinental o PSG, campeão europeu. Apenas um dia depois, houve um estrondo em Londres. O Fla, sempre competitivo, deu um banho de realidade no Chelsea. E ainda tem mais por vir! O Atlético de Madrid conseguirá superar o poder brasileiro?
Andersinho Marques – Sport TV (Brasileiro correspondente em Portugal)
Estou gostando do que estou vendo. Para ser sincero, até estou um pouco surpreso — positivamente. Os clubes brasileiros estão encarando o torneio com seriedade e, até aqui, vencendo adversários europeus com personalidade, o que nem sempre aconteceu nos últimos anos. Isso mostra evolução e, principalmente, coragem.
A gente sabe que o Mundial ainda é tratado com muito mais carinho no Brasil do que na Europa. Pro torcedor brasileiro, é quase uma Copa do Mundo de clubes — é emoção pura, é a chance de medir forças com o topo do futebol mundial. Já os europeus, em sua maioria, não colocam o torneio como prioridade. Alguns até entram para vencer, respeitam o jogo, mas não têm aquela mesma entrega emocional. E olha que muitos deles chegam ao torneio no fim da temporada, fisicamente esgotados.
Mesmo assim, não é fácil. Os europeus têm estrutura, metodologia e uma cultura tática que impressiona. Por isso, ver os brasileiros competindo de igual para igual — e até levando vantagem em algumas partidas — é algo que merece destaque.
Temos talento, temos camisa, temos uma torcida apaixonada… e se continuarmos evoluindo na parte tática e organizacional, dá para sonhar mais alto.
Miguel Zarza – ABC (Espanha)
Acho que os times brasileiros chegaram muito focados e bem preparados. Os europeus, ao contrário, encaram como um objetivo importante, mas em um momento de forma complicado, pouco depois de terminarem suas competições e sem tempo para aprofundar os planos da nova temporada. Não me surpreendeu. Os clubes brasileiros são grandes, históricos, com jogadores de muita qualidade e que chegam extremamente motivados.
Mauricio Cannone – Comunità Italiana e Gazzetta dello Sport (Itália)
Até agora, pelo menos, o futebol brasileiro vai muito bem. Principalmente Botafogo e Flamengo. Já davam como certa a derrota do alvinegro para o Paris-Saint Germain e o time surpreendeu. Os brasileiros dão mais importância ao Mundial de Clubes, mas estão jogando bem. É bom, descentralizar o futebol um pouco da Europa. Se os brasileiros, mesmo se agora não tem a geração mais brilhante de sua história., pudessem manter jogadores revelados pela própria base os clubes poderiam formar grandes times. Se ninguém pudesse ter estrangeiros em todo o mundo, provavelmente Brasil e Argentina teriam os melhores campeonatos.
Filipe Alexandre Dias – Record (Portugal)
Não fico completamente espantado com o desempenho das equipas sul-americanas no Mundial de Clubes, particularmente das brasileiras. Além do investimento ter crescido no país – e com isso aumentou a qualidade das equipas -, há um cuidado físico muito maior da parte dos conjuntos brasileiros nesta fase da temporada. O PSG, de longe a melhor equipa da Europa e que acabou de ganhar tudo nos planos nacional e continental, chegou a esta prova com 57 jogos na temporada e ao mais alto nível. As equipas no Velho Continente tiveram escasso tempo de férias até partirem para o Mundial de Clubes depois de temporadas extenuantes. A motivação não é a maior e o cansaço é assinalável. Não são desculpas – são factos.
Além disso, a Europa olha com desconfiança para esta competição e duvida bastante do seu sucesso futuro. A logística, as condições, a diferença horária, o próprio clima nos Estados Unidos são fatores que sustentam a crítica e retiram entusiasmo. O próprio entusiasmo dos adeptos é contrastante e não é por proximidade geográfica. O ‘torcedor’ sul-americano leva muito mais a sério.
Mas há outro aspecto: o critério de seleção para o Mundial de Clubes – embora claro e legítimo – tem sido também criticado aqui na Europa. Não estão presentes os campeões de Inglaterra (Liverpool), Espanha (Barcelona) e Itália (Napoli). Mesmo o bicampeão de Portugal (Sporting) também não foi e é uma equipa que se bateu bem na Europa esta temporada e chegou a golear o Manchester City.
Existe outro dado que não dá para negar: as formações brasileiras (não coloco aqui as argentinas…) têm hoje um nível competitivo muito superior em relação a um passado nada distante. E isso é inescapável.