SportsManaus
ESPECIAIS

Com 44 anos a serviço do jornalismo amazonense, conheça a história de Eduardo Monteiro de Paula, o Dudu

Foto: Arquivo pessoal

Um dos grandes ícones da imprensa esportiva amazonense é natural de Recife, mas fez história na cobertura jornalística de todas as modalidades possíveis no Amazonas. Com 44 anos a serviço do jornalismo esportivo, Eduardo José Cavalcante Monteiro de Paula, conhecido como Dudu, por mais de quatro décadas trabalhou na Rede Amazônica. Dudu, praticou quase todos os esportes, mas foi introdutor do handebol, jogando por 15 anos na seleção local. Além disso, trouxe o Badminton, além de ter jogado futebol na Universidade de Tenesse e Dallas, nos Estados Unidos.

Formado pela Ufam em jornalismo especializado em esporte, Dudu, é pós graduado na Universidade Anchieta-SP, e pós em Rádio e TV na Universidade do Tenesse, além de ser graduado em inglês, francês e espanhol. Sua trajetória no esporte passa também como dirigente do voleibol, handebol, natação, entre outras modalidades. Atualmente, ele é diretor de relacionais internacionais da Associação Brasileira de Cronistas Esportivos (Abrace) e diretor da Associação Internacional da Imprensa Esportiva (AIPS), acumulando viagens pelas entidades em vários países como Alemanha, Inglaterra, Canadá, China, Estados Unidos, Servia e Montenegro (antiga Iugoslávia), entre outros países.

O SportsManaus presta uma homenagem e ao mesmo tempo conta a história desse grande profissional da imprensa esportiva amazonense.

SportsManaus – O jornalismo esportivo surgiu na sua vida por acaso ou foi a realização de um sonho?

Dudu em uma das suas participações na cronica esportiva (crédito: Arquivo pessoal)

DUDU – Na verdade foi por um acaso. O meu irmão na época era um atleta de grande projeção, o Edgar Monteiro de Paula, ele foi o primeiro jogador de voleibol do Amazonas a ser convocado para seleção brasileira, e também muito popular com o personagem “Demolidor” dos telequetes da Ajuricaba. Na época da fundação da TV Amazonas, o Dr. Phelippe Daou, convidou ele para apresentar um programa de esporte amador, mas disse que eu era gaiato e ria muito e me convidou para apresentar o programa “Flashes do Esporte Amador”, junto com ele. Naquela época éramos alunos de Engenharia. Dois anos após ele se formou, e fomos até o Dr. Phelippe Daou para nos despedirmos, mas ele disse: Edgar muito obrigado, porém, Dudu, acho que você será um bom jornalista. E aí fiquei por quatro décadas na emissora. 

SportsManaus – Dudu, você trabalhou por mais de 40 anos na Rede Amazônica, como você define esse período na emissora?

DUDU – 43 anos para ser mais exatos. Considero um longo, continuo aprendizado e defino como “A escola de minha vida ” 

SportsManaus – Você foi afastado do Programa Globo Esporte Local, na qual apresentou durante muitos anos e depois foi dispensado da Rede Amazônica. Pelos longos anos de serviço, você ficou magoado com tal procedimento?

DUDU – Magoado não, mas decepcionado sim, porém, como tenho certeza que minha dispensa não foi por qualificação técnica, e sim outros motivos (financeiro ou aproximação dos fundadores) ainda não compreendi bem, mas paciência. Tudo que conquistei devo a TV Amazonas, portanto, serei eternamente grato a ela. 

Matéria quando ele apresentava o programa “Flashes do Esporte Amador” (crédito: Arquivo pessoal)

SportsManaus – Quando você começou na imprensa esportiva, se espelhou em algum profissional da mesma área ou não teve nenhuma fonte de inspiração para criar seu jargão e estilo?

DUDU – Sim, meu eterno espelho sempre foi o competente Arnaldo Santos, profissional da mais alta competência, personalidade e qualidade. Espero ter chegado perto dele profissionalmente. 

SportsManaus – Pela sua experiência na imprensa esportiva, qual sua opinião sobre o futebol amazonense que não consegue sair da quarta divisão do país para alcançar uma divisão melhor?

DUDU – O maior erro do futebol amazonense é não valorizar os profissionais locais (técnicos, jogadores, médicos, administradores, etc.). Somos uma cópia mal feita do futebol de outros estados, preferimos jogadores rejeitados (logico, não todos) por todos os estados brasileiros em detrimento no investimento dos nossos profissionais. Prefiro e sonho um Campeonato Amazonense com uma final de 45 mil espectadores em vez de ser campeão da Série D com duas mil pessoas assistindo. Um campeonato forte com uma grande plateia, vai atrair investidores, e por consequência o crescimento técnico, aliando público-renda-investimento-qualidade técnica-resultados. 

SportsManaus – Você fez cobertura de todas as modalidades, qual sua opinião sobre o esporte amador e o que falta para um desenvolvimento melhor desse seguimento?

Matéria quando Dudu participou da seleção amazonense de handebol (crédito: Arquivo pessoal)

DUDU – O estado brasileiro (federal, estadual e municipal) tem a visão do esporte como despesa com bola, equipamento e troféus, e não como formação do cidadão, com geração de emprego, elevação do nível escolar e geração de renda, além do aumento no recebimento de impostos e da melhoria na elevação da autoestima da população.

SportsManaus – Pelo teu trabalho na imprensa esportiva, você se considera como uma “referência” para os outros profissionais, seja para quem inicia e os futuros que estão entrando no mercado de trabalho?

DUDU – Acho que sou um eterno aprendiz e como me mantive em um emprego importante por um longo período, a maioria deve me ver como referência de estabilidade. Espero que tenha sido importante para algumas pessoas. A dica é estudar muito, estar atualizado com as novas ferramentas, ter a capacidade de ouvir para formar uma ideia a respeito do fato, se a função for basicamente repórter, Nunca coloque a sua opinião pessoal na notícia, pois não somos criadores de história, mas sim “contadores da história”.

SportsManaus – Você foi por muitos anos presidente da Associação dos Cronistas Esportivos do Amazonas (Aclea). Como foi essa experiência e realizou tudo que deseja na entidade?

DUDU – Uma das melhores experiências de vida, administrar almas diferentes com interesses diferentes, sempre foi e sempre será complicado. Lamentavelmente, não consegui unir os novos jornalistas em torno da causa da classe (jornalistas esportivos). O atual modo de vida e a falta de informação dos novos colegas torna a missão da Aclea bem dolorosa. A Aclea é um importante elo de ligação da imprensa esportiva mundial ao Amazonas e não uma fonte de arrecadação.

Dudu foi atleta e dirigente de várias modalidade no Amazonas (crédito: Arquivo pessoal)

SportsManaus – Qual sua opinião sobre a imprensa esportiva amazonense? O trabalho realizado poderia ser melhor ou ainda falta uma profissionalização mais efetiva ou os veículos de comunicação não valorizam a cobertura esportiva como deveria?

DUDU – A Aclea ainda está lutando para ter a capacidade de adaptar ao novo estilo de trabalho. As mudanças na técnica de trabalho, a falta do diploma na formação acadêmica e desinteresse dos veículos de comunicação em ter profissionais oriundos da academia e a facilidade de operar as novas ferramentas divide ainda mais o direcionamento a interesse comum. Os atuais profissionais da imprensa esportiva (maioria) não tem a visão de nossa realidade, foram formatados dentro da opinião dos grandes veículos nacionais e esquecem que viemos de uma realidade totalmente diferente. É necessário ter mais compreensão de nossa realidade, pois não somos o “Sul Maravilha ” 

SportsManaus – Você foi vereador por um mandato. Como foi essa experiência, e porque não continuou na vida pública para construir projetos em prol do esporte amazonense?

DUDU – Vereador de um mandato só e pronto. Foi frustrante e decepcionante. Somos muito pobre na formação política neste país. A maioria sempre legisla em causa própria. Na minha formação fui vítima da revolução ou golpe de 64. Fui preso por duas simples razões: era líder esportivo no colégio e depois na época da minha obrigatoriedade de servir o exército, em determinado dia fui jogar futebol com a calça do quartel e fui preso por indisciplina, mesmo estando entre os três primeiros do NPOR. Na faculdade em uma eleição fui eleito para representar os alunos em um encontro nacional de estudantes de comunicação, e um grupo de alunos envolvidos com partido político da esquerda me ameaçaram, pois não era filiado a nenhum partido, enfim, só me interessava o bem estar do nosso povo.  Isso me custou uma vaga de professor na UFAM.  

Dudu, em um dos encontros mundiais de jornalistas esportivos (crédito: Arquivo pessoal)

SportsManaus – A cidade de Manaus foi uma das sedes da Copa do Mundo Brasil 2014 e do torneio olímpico de futebol Rio 2016. O que falta para esse legado alavancar o futebol amazonense ou não depende apenas desse fator?

DUDU – Na verdade, quando os políticos colocaram Manaus na rota da Copa do Mundo não estavam pensando no futebol, mas sim da visibilidade de Manaus para o mundo, e isto foi alcançado. O futebol nunca foi objetivo dos governos … isso é um tema que escreveríamos milhares de páginas.  

SportsManaus – Como surgiu esse projeto de trabalhar agora na Band Manaus, no programa Jogo Aberto local? Como é retornar ao vídeo depois de algum tempo fora?

DUDU – A Band ao me dar a oportunidade de um retorno no vídeo, me fez muito feliz ao saber que posso ainda realizar trabalhos com qualidade e informar ao público quem são as verdadeiras estrelas no Amazonas.

SportsManaus – O Dudu ainda tem sonhos como profissional da imprensa esportiva?

DUDU – Vivi, estudei e continuo estudando para fazer aquilo que conheci, desde o dia que nasci: o esporte. Um milhão de sonhos, sempre em busca de novos desafios, parar de sonhar é morrer. Reconheço que ainda tenho muito a aprender e espero ter a oportunidade de realizar muito ainda. O trabalho não para !!!

Registro em um dos encontros nacionais da imprensa esportiva (crédito: Arquivo pessoal)

Outras postagens...

Craque fora de campo, MC Neymar sósia do craque da Seleção Brasileira e PSG se destaca pelo seu trabalho artístico

Paulo Rogério

Presidente do TJD-AM destaca trabalho do tribunal e sua funcionalidade

Paulo Rogério

EXCLUSIVO: supervisor de competições de futebol feminino da CBF e delegado da Conmebol destaca evolução da categoria

Paulo Rogério

Leave a Comment

Este site usa cookies. Isto é necessário para que sua navegação seja mais eficiente. Não coletamos nenhum dado pessoal do seu navegador. Entendi! Leia mais...